Teria passado aproximadamente uma hora quando o triciclo regressou com a nossa gasolina.
Num gesto inesperado o marroquino apresentou-nos a factura de compra do combustível. Lá constavam os 110dhm que lhe havíamos confiado juntamente com os dois jerrycans.
Sensibilizado com o gesto demos-lhe uma gorgetas e agradecemos a gentileza.
De depósitos abastecidos lá continuamos nós a viagem pelas estradas costeiras rumo a Tânger.
Tentamos pelo caminho arranjar alojamento em dois parques de campismo mas o valor que nos foi pedido era exagerado e por isso fomos continuando.
Chegamos a Tânger em plena hora de ponta. O trânsito que se fazia sentir era infernal. Mesmo conduzindo pequenas scooters como as nossas a dificuldade de progressão era enorme.
A Speedfight conduzida pelo Ilídio, que era a única de refrigeração líquida, começava a apresentar um nível de temperatura preocupante e ele teve que abandonar o percurso que pretendíamos seguir e enveredar por uma rua transversal para poder fazer baixar a temperatura da sua moto.
Passados aguns minutos, em que para espanto de alguns, o Ilídio subiu e desceu a rua algumas vezes, lá seguimos nós a nossa viagem rumo ao porto para adquirir as passagens de volta à Europa.
A circulação por entre as intermináveis filas de carros fez-se em grande galhofa, arrancando gargalhadas a vários do condutores presos no trânsito.
Como tinha incicialmente estimado que a pista do Cirque de Jaffar nos demoraria uns três dias a percorrer com as pequenas scooters e se verificou que afinal a progressão foi bastante mais rápida (apesar de não termos conseguido chegar a Ilmilchil por pista), ficamos com um dia e meio livres. Pensamos aproveitá-los para fazer uma incursão em Gibraltar a quando do nosso regresso.
Seria uma espécie de compensação por não termos chegado a Ilmilchil. Chegados a Tânger começamos a fazer contas à vida e rápidamente verficamos que o orçamento disponívelnão nos deixava margem para esse desvio. Como estarão recordados, quando lançamos este projecto tínhamos deixado claras algumas regras.
A viagem tinha que ser feita em scooters com cilindrada inferior a 50cc
O orçamento total não poderia ultrapassar os 500€ por pessoa e para todas as despezas
Não existiria carro de apoio
Infelizmente devido às condições climatéricas mais desfavoráveis que enfrentamos tivemos que recorrer mais vezes do que gostaríamos a alojamento em hotel e isso fez disparar o nosso orçamento.
Sei que um ou outro dos meus companheiros de viagem estava disposto a aproveitar esta viagem ao máximo e passar por Gibraltar mas isso iria desvirtuar o compromisso assumido no que diz respeito ao orçamento.
Assim optamos por fazer a travessia nesse mesmo dia e poupar uns cobres no alojamento e nela gasolina necessária para ir a Gibraltar.
Quando adquirimos as passagens em Algeciras decidimos aproveitar as promoções que houvessem nem que para tal tivessemos que fazer a viagem num horário menos favorável.
Foi assim que em vez de embarcarmos no ferry das 15h acabamos por embarcar apenas no das 16:30h.
Na altura pôs-se a hipótese de comprar a passagem de ida e volta mas como não tínhamos a certeza do percurso de regresso (por Ceuta ou Tânger) acabamos por adquirir só pssagem de ida.
Isso revelou-se um erro porque do lado marroquino acabam sempre por nos cobrar mais caro.
Pagamos na passagem de ida 51€ e na de regresso 70€.
Quando chegamos a Tânger fomos abordados por diversos cravas, como é habitual, mas houve um deles que se destacou por falar um português fluente.
Segundo ele, havia trabalhado em Portugal durante 8 anos, tendo passado por diversas cidades, Lisboa, Cascais, Coimbra, Porto, entre outras. Alguns perguntas mais específicas deram para perceber que realmente ele conhecia essas cidades.
Acabou por nos confidenciar que tinha sido expulso pelo SEF por se ter metido em alhadas que não quiz especificar.
Como era de esperar tentou sacar-nos uns cobres mas como a tarefa não estava a ser fácil disse-nos que conseguia arranjar as passagens mais baratas do que o preço que nos estava a ser exigido pela agência onde estavamos a negociar os preços.
Tinhamos tentado adquirir as passagens na agência que fica localizada no lado esquerdo da entrada da fronteira e apesar de regatearmos o máximo possível apenas conseguimos baixar dos 700 para os 640dhm e na ligação para Algeciras.
O Ahmed (assim se chamava o melga que não nos largava) foi falar com os tipos de outra agência e conseguiu 600dhm por pessoa para Tarifa.
Perante essa alternativa decidiir então comprar os bilhetes nessa agência. O problema é que um dos tipos da primeira se apercebeu das nossas intenções e começou a barafustar com o Ahmed, que tentava a todo custo dizer-lhe que não tinha nada a ver com o assunto.
Perante a perspectiva de perder cinco "patos" o tipo não teve meias medidas e atravessou a rua para mandar vir com os tipos das outras agências para que eles não nos vendessem os bilhetes mais baratos.
E conseguiu. O tipo que me tinha feito 640dhm por cada um disse que se tinha enganado e que o preço correcto eram 710dhm.
Decidimos então comprar os bilhetes dentro do porto mas quando lá chegamos já lá estava o tipo da primeira agência a falar com os empregados das diversas companhias pelo que a hipótese de conseguirmos desconto foi por água abaixo.
Assim lá pagamos os 700dhm cada um e fizemos a travessia para Tarifa no último ferry da noite.
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