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terça-feira, 5 de maio de 2009

A caminho de casa

Chegamos a Tarifa já passava da meia noite.

Começamos por ter alguns problemas por causa das bombas de gasolina encerradas. O Amadeu por um lado e eu por outro lá fomos pedindo indicações para localizar uma bomba de combustível que ainda estivesse aberta.
Não tivemos sorte. A única bomba que poderia funcionar fora de horas encontrava-se na estrada para Cádiz mas também estava encerrada. Assim decidimos procurar o parque de campismo para passar a noite.
Com o cansaço acumulado ao longo dos diversos dias de viagem é natural que surjam alguns desaguisados entre os vários elementos da caravana e foi isso que aconteceu.
Uns porque não queriam gastar muito dinheiro, outros porque já não estavam para procurar mais...
O que é certo é que o Xuma acabou por ficar no primeiro parque que encontramos enquanto os outros seguiram para um parque que se encontrava a alguns quilómetros de distância, o Camping Torre de La Peña.
Por sms avisei o Xuma do local onde nos encontravamos e combinei encontrarmo-nos lá pela manhã para seguirmos viagem. Assim aconteceu.
A manhã começou a ameaçar chuva e não tardou muito que tivessemos que parar para vestir os fatos de chuva, pois chuva, com poucas excepções, viria a tornar-se nossa companheira para o resto da viagem. 
No regresso tivemos os mesmo problemas com que nos deparamos na ida. Com dificuldade lá fomos encontrando as estradas nacionais por onde pudessemos circular tanto para ultrapassar Jerez como Sevilha. Nesta última cidade acabamos por percorrer mais alguns quilómetros de Autovia do que era suposto mas felizmente não fomos interpelados pela Guardia Civil.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

De regresso à Europa






Teria passado aproximadamente uma hora quando o triciclo regressou com a nossa gasolina.
Num gesto inesperado o marroquino apresentou-nos a factura de compra do combustível. Lá constavam os 110dhm que lhe havíamos confiado juntamente com os dois jerrycans.
Sensibilizado com o gesto demos-lhe uma gorgetas e agradecemos a gentileza.
De depósitos abastecidos lá continuamos nós a viagem pelas estradas costeiras rumo a Tânger.
Tentamos pelo caminho arranjar alojamento em dois parques de campismo mas o valor que nos foi pedido era exagerado e por isso fomos continuando.
Chegamos a Tânger em plena hora de ponta. O trânsito que se fazia sentir era infernal. Mesmo conduzindo pequenas scooters como as nossas a dificuldade de progressão era enorme.
A Speedfight conduzida pelo Ilídio, que era a única de refrigeração líquida, começava a apresentar um nível de temperatura preocupante e ele teve que abandonar o percurso que pretendíamos seguir e enveredar por uma rua transversal para poder fazer baixar a temperatura da sua moto.
Passados aguns minutos, em que para espanto de alguns, o Ilídio subiu e desceu a rua algumas vezes, lá seguimos nós a nossa viagem rumo ao porto para adquirir as passagens de volta à Europa.
A circulação por entre as intermináveis filas de carros fez-se em grande galhofa, arrancando gargalhadas a vários do condutores presos no trânsito. 
Como tinha incicialmente estimado que a pista do Cirque de Jaffar nos demoraria uns três dias a percorrer com as pequenas scooters e se verificou que afinal a progressão foi bastante mais rápida (apesar de não termos conseguido chegar a Ilmilchil por pista), ficamos com um dia e meio livres. Pensamos aproveitá-los para fazer uma incursão em Gibraltar a quando do nosso regresso.
Seria uma espécie de compensação por não termos chegado a Ilmilchil. Chegados a Tânger começamos a fazer contas à vida e rápidamente verficamos que o orçamento disponívelnão nos deixava margem para esse desvio. Como estarão recordados, quando lançamos este projecto tínhamos deixado claras algumas regras.
A viagem tinha que ser feita em scooters com cilindrada inferior a 50cc
O orçamento total não poderia ultrapassar os 500€ por pessoa e para todas as despezas
Não existiria carro de apoio
Infelizmente devido às condições climatéricas mais desfavoráveis que enfrentamos tivemos que recorrer mais vezes do que gostaríamos a alojamento em hotel e isso fez disparar o nosso orçamento.
Sei que um ou outro dos meus companheiros de viagem estava disposto a aproveitar esta viagem ao máximo e passar por Gibraltar mas isso iria desvirtuar o compromisso assumido no que diz respeito ao orçamento.
Assim optamos por fazer a travessia nesse mesmo dia e poupar uns cobres no alojamento e nela gasolina necessária para ir a Gibraltar.
Quando adquirimos as passagens em Algeciras decidimos aproveitar as promoções que houvessem nem que para tal tivessemos que fazer a viagem num horário menos favorável.
Foi assim que em vez de embarcarmos no ferry das 15h acabamos por embarcar apenas no das 16:30h. 
Na altura pôs-se a hipótese de comprar a passagem de ida e volta mas como não tínhamos a certeza do percurso de regresso (por Ceuta ou Tânger) acabamos por adquirir só pssagem de ida.
Isso revelou-se um erro porque do lado marroquino acabam sempre por nos cobrar mais caro.
Pagamos na passagem de ida 51€ e na de regresso 70€.
Quando chegamos a Tânger fomos abordados por diversos cravas, como é habitual, mas houve um deles que se destacou por falar um português fluente.
Segundo ele, havia trabalhado em Portugal durante 8 anos, tendo passado por diversas cidades, Lisboa, Cascais, Coimbra, Porto, entre outras. Alguns perguntas mais específicas deram para perceber que realmente ele conhecia essas cidades.
Acabou por nos confidenciar que tinha sido expulso pelo SEF por se ter metido em alhadas que não quiz especificar.
Como era de esperar tentou sacar-nos uns cobres mas como a tarefa não estava a ser fácil disse-nos que conseguia arranjar as passagens mais baratas do que o preço que nos estava a ser exigido pela agência onde estavamos a negociar os preços.
Tinhamos tentado adquirir as passagens na agência que fica localizada no lado esquerdo da entrada da fronteira e apesar de regatearmos o máximo possível apenas conseguimos baixar dos 700 para os 640dhm e na ligação para Algeciras.
O Ahmed (assim se chamava o melga que não nos largava) foi falar com os tipos de outra agência e conseguiu 600dhm por pessoa para Tarifa.
Perante essa alternativa decidiir então comprar os bilhetes nessa agência. O problema é que um dos tipos da primeira se apercebeu das nossas intenções e começou a barafustar com o Ahmed, que tentava a todo custo dizer-lhe que não tinha nada a ver com o assunto.
Perante a perspectiva de perder cinco "patos" o tipo não teve meias medidas e atravessou a rua para mandar vir com os tipos das outras agências para que eles não nos vendessem os bilhetes mais baratos.
E conseguiu. O tipo que me tinha feito 640dhm por cada um disse que se tinha enganado e que o preço correcto eram 710dhm.
Decidimos então comprar os bilhetes dentro do porto mas quando lá chegamos já lá estava o tipo da primeira agência a falar com os empregados das diversas companhias pelo que a hipótese de conseguirmos desconto foi por água abaixo.
Assim lá pagamos os 700dhm cada um e fizemos a travessia para Tarifa no último ferry da noite.









terça-feira, 21 de abril de 2009

Asilah com as bombas de combustível secas.








A viagem de regresso foi feita rumo à costa atlântica de Marrocos.

Chegamos a Meknes pelas três e meia da tarde. Como nenhum dos meus companheiros tinha estado anteriormente em Marrocos decidimos ir dar uma volta pela medina para que eles a ficassem a conhecer.

Assim lá fomos nós montados nas nossas máquinas zumbidoras, medina adentro, para grande espanto dos locais.

Vira à esquerda, vira à direita, não tardou muito que estivessemos perdidos nas ruas labirínticas da medina de Meknes.

Com a indicação de uns e outros residentes locais lá acabamos por encontrar o caminho de saída das muralhas.

Eu e Ilídio ficamos a fazer de "gardiens" enquanto o Xuma, o Amadeu e o Diogo foram dar uma volta para fazer as últimas compras.

Mal estacionamos as motos logo se aproximou de nós um tipo envergando um colete fluorescente, daqueles que somos obrigados a usar para trocar um pneu, apresentando-se com gardien do parque de estacionamento.

Eu expliquei-lhe que era eu o gardien das motos e que não necessitavamos dos seus serviços.

O tipo enfureceu-se e disse-me que eu não era marroquino e como tal não podia ser o gardien.

A brincar lá fui contra-argumentando e a discussão ficou resolvida com a oferta de duas t-shirts e com o nosso auxílio nas manobras de estacionamento das viaturas que iam chegando.

De Meknes partimos rumo a Volubilis, onde chegamos por volta da seis da tarde.

Mal estacionamos começa novo carnaval com o "gardien" da zona.

O tipo, novamente envergando o famoso colete fluorescente, começa a insistir no pagamento de 50 dhm por cada moto. Digo-lhe que não pago esse valor e ele manda-me retirar as motos do local.

Como me prontifiquei a levar as motos para a berma da estrada o sujeito começou a vociferar em árabe misturado com francês dizendo que ali também era parque e como tal teria de pagar os 50dhm.

Já sem paciência disse-lhe que não pagava nada e que as motos iriam ficar ali mesmo e se eventualmente alguma coisa lhes acontecesse na nossa ausência que eu iria imediatamente chamar a polícia.

Muito aborrecido e óbviamente a contra-gosto lá se calou (não deixando com certeza de me rogar uma praga pela minha atitude).

Volubilis é uma vila romana com 42ha em razoável estado de conservação. Faz lembrar um pouco Conímbriga e é ponto de visita obrigatória a quem vista a região.

Como já estava a entardecer limitamos-nos a fazer as fotos de grupo deixando a visita mais aprofundada para uma próxima visita.

Fizemos-nos à estrada e era já noite cerrada quando chegamos a Sidi Kacem.

Sidi Kacem é uma cidade industrial onde existe uma refinaria e que parece estar num estado mais caótico do que a maioria das cidades marroquinas.

As ruas esburacadas, a falta de sinalização e a parca iluminação tornam-na pouco acolhedora à primeira vista, mas como era tarde teríamos que pernoitar ali.

Procurei no GPS por alojamento e ele indicava-me um hotel Al-Magrhebe. Percorri a avenida de cima a baixo mas do hotel nem sinal.

Olhando mais atentamente para o ecran do GPS podia ver conforme me ia afastando ou aproximando do ponto em que o hotel estava assinalado.

Não me restou outra alternativa que não fosse perguntar a sua localização a um dos locais.

Lá fomos nós ver se havia quarto e quais os preços.

Os quartos eram aceitaveis e o preço também (70 dhm) por pessoa. O quarto que me calhou a mim e ao Xuma estava a sofrer melhoramentos. Bom, melhoramentos é um termo um pouco generoso, na realidade estava a ser pintado e o conceito de pintura marroquina é um pouco diferente do nosso.

Os trolhas pintavam as paredes, a caixilharia das janelas, enfim tudo por onde a trincha passasse.

Nas janelas havia uma cortina feita com rede plástica verde, do tipo mosquiteiro, que servia para, penso eu dar alguma privacidade. Mas tinha casa de banho completa.

Pousamos as nossas tralhas e o Xuma foi inspeccionar os lençóis.

Por sugestão sua achamos melhor abrir os sacos cama e dormir dentro deles.

Na manhã seguinte decidi tomar um banho e enfiei-me debaixo do chuveiro. No início senti um formigueiro quando sentia a água escorrer-me pelo corpo. Pensei que teria algo a ver com o facto de estar dorido da queda mas ao mudar o chuveiro de posição apanhei mesmo um choque.

Não posso crer. Será que é mesmo um choque eléctrico?

Afasto-me do chuveiro e reparo que o cilindro de aquecimento da água tem o fio de terra pendurado sem estar ligado.

Desligo então a tomada da corrente e termino o banho com a água quase fria...

Depois de um pequeno almoço rápido arrancamos rumo a Alcácer Kebir.

Alcácer Kebir é uma cidade de aspecto moderno (pelos padrões marroquinos) mas sem interesse especial. Fazemos uma foto de grupo junto à placa toponímica da cidade e seguimos para Larache onde fazemos uma pausa.

Larache começa a parecer mais uma qualquer cidade costeira espanhola ou portuguesa do que propriamente marroquina. Na verdade se não fossem as inscrições em árabe poderíamos facilmente ser induzidos em erro quanto à sua localização.

Como estavamos adiantados em relação ao previsto decidimos seguir pela costa e tentar arranjar um alojamento ou parque de campismo e atravessar o estreito apenas no dia seguinte.

Dos vários locais que tentamos apenas um tinha parque de campismo mas era tão caro que decidimos ir continuando até Asilah.

Em Asilah as motos estavam a necessitar de reabastecer e por isso visitamos várias bombas que, infelizmente para nós estavavam sem combustível.

Já a ficarmos preocupados decidi abordar um brigada da Sureté National indagando onde poderíamos obter combustível. Muito solicitamente os agentes informaram-nos de que não havia combustível em Asilah. A única bomba ainda a funcionar era a que estava localizada na auto-estrada.

Como as nossas motos não podem circular na auto-estrada eu perguntei-lhe por uma outra solução. Eles perguntaram-me para onde íamos e quantos litros iríamos necessitar.

Perante a minha resposta, o agente interpelou um individuo que se fazia deslocar num triciclo com motor de moto (penso que teria 250cc) e pediu-lhe para ir buscar gasolina para nós à tal bomba na auto-estrada.

Como agradecimento pela gentileza convidei-os tomarem um chá connosco mas eles educadamente declinaram o convite.

Entretanto alguns dos meus companheiros aproveitaram para visitar Asilah enquanto eu e o Ilído ficamos a bebericar mais um whisky berbére à espera da chegada da gasolina.

domingo, 19 de abril de 2009

Domingo iniciamos a viagem de regresso.






Receosos que as dores que sentia minha perna nos atrasassem a viagem de regresso, começamos a rolar no domingo pela manhã cedo.

Confesso que no início me sentia algo apreensivo mas depois de fazer umas dezenas de quilómetros cheguei à conclusão de que com a ajuda do anti-inflamatório a coisa iria funcionar.
Lá fomos nós progredindo sob um vento forte e gélido vindo de sudoeste. Paramos para almoçar em Timahdite. Por um total de150 dirhams comemos uma deliciosa tagine cada um, acompanhada por salada, pão, coca-cola e rematada por uma salada de frutas.
Convém referir que o preço foi negociado antecipadamente e só é possível conseguir preços como estes em restaurantes que estejam mais afastados dos locais turísticos. Conseguir uma refeição por este preço em Marraquexe, Fez outra cidade mais turística será muito difícil ou virtualmente impossível. 
Apesar de muitos marroquinos falarem frequentemente vários idiomas não se admirem se nestes restaurantes as pessoas não forem fluentes em francês ou espanhol, mas com ajuda da linguagem gestual e boa vontade tudo se resolve.
Reconfortados pela refeição continuamos caminho em direcção a Meknes.